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Por Mariana Stamato | Trê Investindo com Causa

Rodrigo sempre sentiu que a terra “guardava segredos”, cresceu em meio à vegetação costeira de Balneário Camboriú e aprendeu cedo que plantar no barro vermelho, denso e estável, é diferente de plantar na areia — essa areia que nunca para de se mover, que ora é levada pelo vento, ora pelas marés. Essa lição o desafiou para a maior jornada de sua vida: transformar o terreno do avô em um viveiro de mudas de vegetação costeira, restinga, mangue e marisma, conhecido como Caaporã, em um pilar de regeneração ambiental na região.

Rodrigo Cesário Pereira Silva desenvolveu a Caaporã como uma resposta urgente às necessidades dos ecossistemas costeiros. A missão dele? Reconstituir a vegetação nativa em áreas que sofrem com a degradação, em um cenário onde as mudanças climáticas são cada vez mais imprevisíveis. Era como tentar enraizar vida em um terreno movediço, mas ele sabia que estava plantando mais do que mudas: estava semeando vida e futuro.

A Jornada e o Compromisso

Desde os tempos em que estudava oceanografia, Rodrigo sempre teve uma conexão profunda com o meio ambiente. “Quando comecei a trabalhar com o Rodrigo, percebi que não era só sobre plantar mudas, mas sobre entender a complexidade do ecossistema costeiro, como as dunas e a vegetação interagem para proteger a praia e manter o equilíbrio ambiental,” compartilha Dionatan A. Pootz, sócio responsável pela comunicação visual da empresa. “Foi esse conhecimento que me fez acreditar no projeto e querer usar a comunicação para envolver mais pessoas. Mostrar para as comunidades que cada muda plantada é um passo na proteção das nossas praias e no combate aos impactos das mudanças climáticas é algo que me motiva todos os dias.” 

“Você vê o verde tomando conta de uma área que era só areia amarela,” relembra Maria Eduarda Honrburg, engenheira e técnica em meio ambiente, que se uniu a Rodrigo nesse desafio. Ao falar sobre o impacto das primeiras mudas que plantaram juntos, ela descreve como, aos poucos, a paisagem árida se transformou em um oásis de biodiversidade. “É a ‘primavera’ que chega ali, onde antes só havia aridez”, relata, emocionada com o poder de regeneração que puderam testemunhar juntos.

Mas o que a Caaporã faz vai além do verde visível. Ela se tornou um sonho coletivo. Várias pessoas que passaram e estão apoiando a Caaporã na sua empreitada, desde familiares, amigos, professores, sócios e apoiadores, sonham junto em tornar a organização uma cooperativa de serviços ambientais, reunindo a compreensão da necessidade da ação direta ao enfrentamento das mudanças climáticas através de ações baseadas na natureza e a paixão pelo meio ambiente.

O viveiro não apenas cultiva mudas de espécies essenciais para a regeneração costeira — ele também elabora e desenvolve projetos de Educação Ambiental (EA), com intenção de promover a consciência individual e coletiva sobre as responsabilidades locais, comunitárias e globais, e inserir a ética ecológica ao cotidiano por meio das mudas de vegetação costeira. Atua também diretamente na captura e armazenamento do carbono azul. Esse carbono é sequestrado por ecossistemas como os manguezais, marismas (ecossistemas de transição entre mar e rio) e gramas marinhas, que são até mais eficazes do que florestas terrestres na absorção e armazenamento do carbono que contribui para o aquecimento global. Assim, cada muda cultivada na Caaporã representa não só vegetação, mas uma defesa natural e essencial contra as mudanças climáticas.

Desafios na Areia: A Força da Resiliência

O caminho inicial para essa regeneração foi tudo, menos fácil. Nos primeiros anos, Rodrigo, Maria Eduarda e Dionatan, enfrentaram desafios gigantescos. A instabilidade financeira e a falta de recursos ameaçavam o sonho de manter a Caaporã de pé, lembra Maria Eduarda.

Foi nesse cenário que a passagem pelo Programa Territórios Regenerativos, desenhado pela Trê Investindo Com Causa em parceria com Parsifal 21, chegou como uma âncora. Através da combinação de doação e mentoria estratégica, o programa deu a Caaporã o impulso necessário para superar as barreiras financeiras e expandir suas operações. Com o apoio do programa, Rodrigo teve a tranquilidade necessária para se dedicar ao mestrado, aproveitando o conhecimento adquirido para contribuir ainda mais no amadurecimento e crescimento da Caaporã, enquanto Duda focava e cuidava do viveiro, garantindo que as mudas pudessem ser preparadas e futuramente distribuídas a um número maior de áreas vulneráveis, além de fortalecer a equipe que trabalha junto.

O Papel da Trê: Um Futuro Sustentável para a Caaporã

A passagem pelo programa trouxe mudanças significativas, permitindo não só a ampliação de seus plantios, mas também a melhoria da infraestrutura. Com os recursos recebidos, o sistema de rega foi modernizado e automatizado, além de aumentar a sua capacidade com a aquisição de 2 caixas d’água, novas bombas, mangueira e aspersores. Também foram adquiridas novas mesas, bandejas e tubetes aumentando a capacidade de produção do viveiro para 17 mil mudas. Devido a grande demanda, foi adquirido e construído uma estufa especialmente para manguezal, com um ambiente propício para a sua produção e tamanho suficiente para conseguir atender os clientes. Assim, a disponibilidade de água para o viveiro foi aumentada, essencial para expandir a produção de mudas e material estruturante para plantio. Conseguiram mais autonomia para a logística com a compra de um carro, o que permitiu que a Caaporã conseguisse aumentar suas entregas e coletas de mudas, ganhando escala em outras regiões. Já a contratação de prestadores de serviços, permitiu atender ao crescente volume de demandas, trazendo mais eficiência à operação.

Com a profissionalização das operações outros objetivos também foram alcançados: o aumento da área de recuperada de restinga e manguezal de  300m² para 1 hectare, aliado a esse suporte, impulsionou o faturamento, que saltou de R$ 30 mil em 2023 para R$ 98 mil em 2024. Os serviços foram diversificados com a ampliação da base de clientes, que saltou de 9 para 14, o que possibilitou o oferecimento de oficinas de educação ambiental, impulsionando a venda de mudas que já atingiu mais de 8 mil neste ano. Essa expansão não foi apenas financeira, mas também de conhecimento, possibilitando que a empresa focasse ainda mais no seu propósito.

Segundo Rodrigo e Duda, o capital semente e a mentoria que o programa ofereceu foram mais do que um respiro financeiro, trouxe uma nova perspectiva para o trabalho, permitindo que eles expandissem o alcance de seu impacto e fortalecessem sua missão. A mentoria os ajudou a estruturar melhor seus processos e a conectar sua causa e a importância do trabalho que realizam conscientizando e letrando através da prospecção comercial ativa prefeituras e secretarias do meio ambiente ao redor de sua região sobre a importância de se realizar os PRAD (Programa de Recuperação de Área Degradada) com espécies nativas da região e não com outras vegetações que nada agregam àquele meio ambiente.

“Quando você sabe que está fazendo algo que pode ajudar a frear as mudanças climáticas, sente uma responsabilidade maior”, diz Rodrigo. “O Programa Territórios Regenerativos Mata Atlântica, nos mostrou que não estamos sozinhos nessa luta e que, juntos, podemos ter um impacto ainda maior”, conclui.

Impacto Real: O Poder do Carbono Azul e a Regeneração Costeira

Hoje, graças ao trabalho resiliente da Caaporã e ao apoio do Programa Territórios Regenerativos, áreas costeiras na região de Santa Catarina que antes eram vistas como desertas estão começando a ser cobertas por vida e verde. Manguezais e restinga, com suas raízes profundas, não apenas estabilizam o solo, mas sequestram toneladas de carbono a cada ano, protegendo contra o avanço das mudanças climáticas. Além disso, esses ecossistemas fornecem abrigo para a fauna local e ajudam a proteger a costa contra inundações e erosão.

Em Guarani, Caaporã significa ‘Protetor da Mata’ — um nome que carrega o compromisso de preservar e regenerar. Cada muda plantada é uma semente de futuro. Com seu trabalho, a Caaporã não só restaura a biodiversidade costeira como também contribui para uma solução global urgente: a valorização de alternativas naturais para a captura e armazenamento de carbono. Dessa forma, além de regenerar o ecossistema, cada plantio se torna um investimento no equilíbrio climático.

A Reflexão que fica e um Agradecimento Especial

Ao olhar para trás, Eduarda reflete sobre o caminho percorrido e faz um convite: E aí, você vai ajudar ou vai deixar a mudança climática decidir o futuro por você?“. Essa provocação resume o espírito de toda a equipe da Caaporã. Eles sabem que a luta contra a degradação ambiental e as mudanças climáticas é árdua, mas acreditam que, com apoio contínuo, podem fazer a diferença.

Para os doadores que tornaram essa jornada possível, Rodrigo e Duda expressam sua gratidão. Cada contribuição os levou mais próximo de regenerar o que foi destruído. Cada doação é uma parte essencial dessa transformação, e são profundamente gratos por fazerem parte dessa história.

Caaporã: Resiliência para Revitalizar Terrenos Costeiros

Se você conhece áreas que precisam de regeneração, seja por exigências legais (PRADs), projetos de reflorestamento relacionados a multas ambientais ou por demandas de paisagismo, considere a Caaporã. Nas áreas costeiras, onde as restingas enfrentam o impacto contínuo do mar e da urbanização, o reflorestamento é um desafio essencial — e é aqui que a experiência da Caaporã se destaca. Com dedicação e conhecimento, a equipe da organização transforma solos desafiadores em espaços de biodiversidade. 

Acompanhe o trabalho deles e inspire-se na resiliência e sustentabilidade que levam a cada projeto.

Abraços e até a próxima história! 🤗📖✨

Mariana Stamato – Time Trê de Marketing & Comunicação


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