Por Sergio Resende | Trê Investindo com Causa
Isabela, minha filha mais nova, na conclusão do ensino médio na escola Waldorf, em 2007, pesquisou e escreveu sobre ecovilas. Foi aí que fiquei sabendo de Damanhur a segunda maior do mundo, com mais de 1.000 cidadãos. Em 2010, durante meu sabático, fiz uma rápida visita de dois dias, tempo insuficiente para compreender a iniciativa em profundidade, mas suficiente para deixar duas inspirações muito práticas para minha vida: a ideia do “sonho impossível” e do “re-contrato de casamento”. Volto nelas daqui a pouco.
Damanhur é uma “peça” diferente das demais nesta minha viagem, mas desde o princípio do meu planejamento estava sendo considerada. Pensei que seria interessante voltar e aprofundar meu entendimento sobre o que mantinha esta comunidade viva e integrada por 50 anos – apesar das perseguições que sofreu pelos cidadãos italianos – enquanto a maioria das comunidades criadas na década de 70 e 80 definharam.
Ao invés de uma possível visita guiada, resolvi me inscrever no “Spring Equinox Campus”, uma experiência imersiva de 10 dias, que me permitiria não só conhecer os templos subterrâneos e as espirais na floresta, mas também observar o dia a dia dos moradores dos núcleos – nos quais convivem 10 a 15 pessoas – e conversar com elas sobre como os fundamentos são vividos na prática.
Miró, um jovem por volta dos 22 anos, nascido em Damanhur e muito simpático, foi me buscar na estação de trem de Ivrea, no norte da Itália, com um Suzuki velho, amassado e com um vidro traseiro quebrado. Eita!
Dali fomos buscar um carro alugado que eu iria dirigir para nos movimentar durante as visitas. Chegamos ao estacionamento, no meio de brilhantes “máquinas” italianas, lá estava o meu pequeno “orange car”. Eita!

Meu “campus group” era composto por oito mulheres de Israel, uma americana, uma francesa, uma mexicana e um esloveno. Todos interessados em como comunidades podem ser construídas e sustentadas.

Formica, a coordenadora do Campus me recebeu com um abraço e enorme sorriso no rosto. Indicou a cabana de madeira na qual eu ficaria instalado e o caminho para o banheiro, no qual se podia avistar os Alpes parcialmente coberto de neve. Perguntei: mas e à noite Formica? A qual ela respondeu: não se preocupe, Sergio! Eita!


Vamos focar na nossa pesquisa!
Damanhur é uma federação de comunidades, com sede em Piemonte, entre Turim e Aosta. Segundo Formica, o local é um ponto de cruzamento de linhas sincrônicas no planeta. Tem comunidades em outras regiões do mundo como Japão, Austrália, Noruega, Austrália, Estados Unidos e Croácia. Mais de duas mil pessoas se mantêm conectadas a este impulso.
Criada sob a inspiração de Falco Tarassaco, com a visão de se formar uma comunidade de cura e de resgate de nossa humanidade a partir da pesquisa espiritual, da reconexão com a natureza, com todos os seres vivos e com a divindade. Quatro pilares dão forma ao cotidiano do cidadão Damanhurense: vida espiritual, vida social, jogo da vida e transformação pessoal.
Com uma enorme abertura e delicadeza, a comunidade recebe todos os anos milhares de visitantes de todo o mundo com interesses em ciências sociais, arte, espiritualidade e sustentabilidade ambiental. Em 2005 foi reconhecida como modelo de sustentabilidade pelo fórum global de assentamentos humanos das Nações Unidas. Apesar disto, foram perseguidos por muitos anos, pois seus rituais e sua visão esotérica não coincidia com o de outras bases espirituais amplamente difundidas na Itália.
Formica conta de uma ocasião na qual a polícia federal chegou de helicóptero, com a denúncia de rituais com animais e uso de drogas. Fizeram revista geral nas instalações e nas pessoas, apreenderam documentos e computadores. Oito meses depois tudo foi devolvido sem nenhuma denúncia confirmada. Diga-se de passagem, em Damanhur não é permitido fumar e não se usam drogas de “abertura”, como por exemplo a Ayahuasca, que é utilizada em outras práticas. Para eles, o indivíduo deve fazer o caminho de ampliação da consciência sem o uso de substâncias.
Vamos entrar no templo? Consegue imaginar um templo que avança para baixo e não para cima?
O templo de Damanhur é um complexo subterrâneo, você caminha por um corredor que sai num salão. Dali para outro corredor, que dá em outro salão, para baixo e depois para cima, passa por portas largas e lindamente ornamentadas, outras estreitas e disfarçadas (passagens secretas, adorei!). Daí sai em outro corredor e outro salão, até que, finalmente, você está completamente perdido e deslumbrado com a profusão de imagens, cores, formas, linhas e signos.

Vem sendo escavado, construído e ornamentado pelos próprios cidadãos. Não está pronto e nunca estará – quando uma parte está sendo terminada, novas estão sendo construídas e outras estão sendo revitalizadas. É um exercício de autodesenvolvimento que inclui pesquisa e arte. Segundo Formica, a arte é um meio de nos comunicar com qualquer pessoa no mundo. A construção do templo é também um “jogo”, uma brincadeira, e principalmente um sonho grande e impossível!
As pinturas e esculturas representam desde conhecimentos ancestrais até a vida cotidiana do Damanhurense. Não são permitidas fotografias, então, vou tentar descrever um dos salões, que me tocou bastante, da forma como registrei em minha memória.
Este salão é dedicado a expressar a multiplicidade dos sistemas de crenças. É muito bonito e instigante. Imagine-se num corredor de uns 2,5 metros de largura por 2,2 metros de altura – o vagão do trem no qual viajo, enquanto escrevo este texto, da Itália em direção à Suíça, pode servir de referência. Imagine cada “janela” destacando um sistema de crença, as imagens e textos trazem uma síntese da filosofia e de suas práticas. Você olha para a sua direita e vê uma representação colorida e complexa, com imagens e frases do judaísmo num vitral. Olhando para a esquerda vai ver uma outra representação, agora do hinduísmo. Avançando surgem os sistemas de crenças cristão, budista, islâmico, taoísta, etc… Quando pensa que já viu todos os sistemas de crenças, chega a outro corredor, transversalmente, igual ou maior que este, lá estarão representados o sistema Maya e Tolteca, e outros provenientes da África, que eu nunca tinha ouvido falar. No fim deste corredor, outro e outro… parece que não tem mais fim.
Um extenso trabalho de pesquisa. A sensação é um misto de estar tendo uma aula de ciências sociais e ao mesmo tempo estar reverenciando algo sagrado. Conhecemos tão pouco sobre outros saberes e frequentemente ficamos mergulhados na ideia de uma única verdade sobre o mundo – nossa religião, nossa cultura, nossa ciência. E quantas perseguições em nome delas, no passado e nos dias atuais! Este é um ponto importante de Damanhur: ao invés de se perceber e se considerar como o único caminho, ou o melhor, ou o mais evoluído, demonstram um profundo respeito por outros conhecimentos e outras formas de viver.
Falco faleceu em 2013, deixando um enorme legado de conhecimento ancestral e esotérico em escritos, livros e na “Damanhur Academy”, com 5 cursos – Cura, Alquimia, Sonho, Mistérios e Comunidade – que estão disponíveis em vários formatos, inclusive on-line.
Formica vive em Damanhur há 42 anos e conta que as pessoas eram sempre desafiadas por ele, em termos pessoais, e a construir uma nova cultura. Imaginar novos futuros. Entelo, já falo dele, destaca que nossos sentidos externos trazem a realidade de fora para dentro, enquanto o “dream” trazem a realidade de dentro para fora.

Formica, nos explicou em outro momento que, entre os conhecimentos deixados por Falco, é parte importante da pesquisa deles, está a Selfica, uma ciência baseada em geometria e matemática – que perdemos na nossa história depois dos anos 1.100 e 1.200 D.C. Entendendo como as formas, por exemplo a espiral, transporta energia é possível criar objetos e processos que interferem no corpo energético de uma pessoa. Neste ponto, Formica explicou que para eles o ser humano é constituído de três corpos: físico, energético e alma ou espírito. Assim, é possível curar doenças que surgem da alma e aparecem no corpo físico, atuando no corpo energético com o conhecimento Sélfico. Por exemplo, por meio de instrumentos terapêuticos, objetos de uso pessoal e caminhadas em espirais especialmente criadas com este propósito. Eu, claro, experimentei tanto a caminhada numa espiral quanto uma sessão terapêutica de reequilíbrio energético, afinal já me sentia “zonzinho” fora de casa há um mês. Acabei não comprando um bracelete Sélfico, achei que não iria ornar com minha aliança (rs), mas se você ficou interessado, pode comprar on-line.

Entelo, um divertido representante da nova geração, é o diretor da Damanhur Academy e nos recebeu em sua casa para explicar como funciona seus cursos e se ofereceu para responder “spicy questions” (ou perguntas provocadoras, em português) sobre a vida em comunidades.
Estávamos aboletados no sofá e encantados com sua fluidez. Eu, particularmente interessado em saber sobre a forma como a nova geração lidava com a vida em comunidade e seus conflitos, não queria uma resposta conceitual. Queria saber, a partir dele, mergulhado em seu gorro, em sua experiência pessoal:
- Sergio: Qual é a mudança que você vê hoje com a nova geração de Damanhur?
- Entelo: Os pioneiros tinham uma energia mais masculina, necessária para realizar e proteger o que estava querendo nascer. A minha geração quer trabalhar mais no nível das relações. Foco na qualidade das relações.
- Sergio: Como vocês lidam com os conflitos?
- Entelo: Os conflitos não começam nas coisas grandes, começam quando você vai colocar o iogurte na geladeira ou faz a limpeza da casa (rs). Em nossa família usamos bastante o humor para lidar com as tensões.
- Sergio: Vocês têm algum processo ou método?
- Entelo: Todas as segundas, às 7h30, sentamos neste sofá e abrimos um espaço seguro para que alguma poeira que está debaixo do tapete possa ficar visível. As pessoas envolvidas têm até a semana seguinte para conversar e tentar resolver. Caso não consigam, entra algum de nós como mediador e, se ainda não, entra toda a família. Mas estamos sempre aprimorando nossos métodos.
- Sergio: Como vocês fazem com aquela pessoa que sistematicamente causa problemas?
- Entelo: Quando a energia de manter a pessoa no grupo se torna maior do que a energia que ela deixa no grupo, talvez seja hora de deixá-la ir. Nos processos de conversas, ela mesma percebe.
- Sergio: Entelo, tenho uma “spicy question”: pode nos contar sobre o dia que você sentiu vontade de largar tudo e ir embora?
- Entelo: Não foi uma vez, acontece sempre que fico sem meu espaço privado. Quando você cria uma comunidade precisa criar também o espaço para estar sozinho.

Entre tiradas e provocações, Entelo trouxe algo que se repete em todas as minhas visitas: nós PRECISAMOS da vida em grupo para nos desenvolver como sociedade!
Será que temos até aqui algumas pistas de como esta comunidade se manteve ao longo destes 50 anos? Acho que sim e ainda tem mais…
Em outra atividade, com Macaco, que trabalha com tratamento de traumas e está em Damanhur há 33 anos, ela nos aponta que criar comunidades é sobre desenvolver um recipiente no qual podemos conviver – e isto não acontece por si só. O que é necessário para formar este recipiente? Ela explora com o grupo e destaca três:
- Grandes ideais;
- Regras claras e flexibilidade;
- Disponibilidade para auto transformação.

O cidadão de Damanhur está comprometido com um longo processo de autodesenvolvimento. Participando das escolas, de processos terapêuticos, de atividades artísticas e rituais de passagem como, por exemplo, o da adoção de um nome de animal e um sobrenome de planta. Formica, a coordenadora do nosso campus, explica como isto acontece:
”Entendendo quais são seus talentos e oportunidades de desenvolvimento, a pessoa escolhe um animal que representa a energia ou a característica necessária para sua jornada, então consulta pelo menos umas cem pessoas, com as quais convive, e recebe feedbacks sobre a adequação do animal e planta. Finalmente escolhe e apresenta o nome num ritual específico e então se ‘renomeia’ para uma nova fase de autodesenvolvimento que aí se inicia. É uma escolha consciente, a partir do seu ‘eu’, diferente do nome que recebeu dos pais, que a mantém a pessoa conectada consigo mesma e com a natureza. É muito bonito como isto acontece”.
Na livraria de Damanhur, entre dezenas de livros sobre seus os fundamentos e história, meus olhos foram rapidamente para o título: “11th Constitution of Damanhur” (11ª Constituição de Damanhur, em português) e aí vamos ao segundo ponto da formação do recipiente – regras claras e flexibilidade: a constituição é uma carta fundamental que regula o “corpo social” formado pelos cidadãos de Damanhur. Ela descreve nove princípios de ética e comportamento e nove de constituição social, trazendo clareza para a vida comunitária. Estão em sua 11ª edição, uma demonstração, entre outras, de como a mudança é acolhida e celebrada.


Junte agora as regras claras e flexíveis, com a larga pesquisa espiritual, o trabalho de autodesenvolvimento, de cura com a proposta de um templo como este e entenderemos sobre o que querem dizer sobre ter “Grande Ideal” ou “Sonho impossível” como elemento formador do recipiente para a vida em comunidade. Macaco destacou que sem um grande sonho, a organização do iogurte na geladeira se torna um obstáculo para a vida comunitária, ou, formulando em outra direção, quando temos um grande e impossível sonho, encontramos razão, criatividade e forças para lidar com os obstáculos e tensões do dia a dia. Para mim reforçou o que já tinha escutado em 2010 e faz muito sentido: ter um grande sonho coletivo aumenta a capacidade e o prazer de viver e trabalhar com outros, inclusive no casamento.
E por falar nisso, cumprindo a promessa de voltar ao re-contrato de casamento, os Damanhurenses adotam uma prática de estabelecer prazos de 1 a 3 anos para o contrato de casamento. Isto significa que trocam de par a cada 1 ou 3 anos? Não. Significa que a cada período combinado, seja um, dois ou três, o casal se dá o direito de avaliar se a relação continua ou não fazendo sentido. Isto os retira da armadilha de um relacionamento automatizado, adormecido, que não precisa de renovação. Com isto, os casamentos acabam sendo até mais estáveis do que o que temos visto hoje em dia. Esta ideia eu achei genial. Em 2010, quando os visitei pela primeira vez, resolvi que se me casasse novamente proporia este modelo. Glaucia e eu nos casamos em 2015 e desde então tiramos uma semana em setembro para avaliar nosso ano juntos. Conversamos longamente sobre como cada um está se sentindo na relação, o que cada um precisa para o próximo ano, com o que cada um está sonhando para o futuro e quais são os pedidos. O sexto ou sétimo dia desta nossa semana é dedicado ao re-contrato, com direito a celebração. Tem funcionado, já fizemos nove recontratações.
Legalmente, Damanhur é constituída por cinco associações que são proprietárias das áreas ocupadas por Damanhur na Itália. Em quatro delas vivem vários núcleos familiares, que totalizam aproximadamente 300 pessoas e é onde estão o templo, as florestas sagradas e a sede da Damanhur Academy. A quinta associação é o CREA, centro comercial, no qual estão instaladas várias empresas dos cidadãos Damanhurenses, com restaurante, mercado, livraria, loja de jóias e tratamento de saúde com base no conhecimento Sélfico – loja de equipamentos para ouvir a música das plantas e de painéis solares. Neste espaço também está um pequeno museu com a história de Damanhur e oficinas nas quais se ensina e produzem vitrais que são instalados no templo ou vendidos.

Celastrina, que estava sempre com sua bebê a bordo, nos convidou para conhecer sua comunidade – que é um experimento da nova geração, com casais jovens com filhos. Sete famílias (compostas por 12 adultos e seis crianças) compraram juntas um terreno, construíram uma nova comunidade com sete casas “zero carbono”, com quintal e um grande salão compartilhado, no qual se reúnem regularmente para reuniões, cuidar das crianças e conversas informais. Este modelo quer garantir simultaneamente uma vida comunitária, com amplo suporte mútuo (especialmente com crianças pequenas), privacidade e a possibilidade do investimento nas casas de fazer parte do patrimônio individual.

Não falamos de finanças ainda! As receitas financeiras de Damanhur são compostas por doações dos 300 cidadãos que vivem nas comunidades locais, de outras aproximadamente 100 pessoas de outras comunidades Damanhurense em outros países. Por mais de mil pessoas que formam a comunidade Medit-Action em todo o mundo, por quatro companhias que doam em torno de 6% do faturamento e outras 20 que doam livremente de acordo com suas capacidades. As empresas são todas independentes, de propriedade dos cidadãos, não têm conexão ou interferência das associações e não formam um conglomerado. O cidadão pode estar empreendendo ou trabalhando em alguma delas, ou ainda trabalhando em outras empresas sem qualquer vínculo com a proposta.
Ao longo dos anos, Damanhur desenvolveu quatro fundos de benefícios para seus cidadãos:
- Solidariedade: para uma situação de emergência do indivíduo;
- Maternidade: para suportar financeiramente a mãe e o recém nascido por 12 a 18 meses;
- Aposentadoria: para garantir um mínimo de 1.100 euros mensais para o aposentado;
- Educação: para suportar viagens de alunos, complementar gastos na escola e na universidade.
Estávamos no finalzinho da nossa imersão em Damanhur. A maioria dos colegas estavam fazendo tratamentos ou comprando braceletes Sélficos para cuidar de seus corpos energéticos.
Eu estava interessado em entender sobre a governança de Damanhur. Pedi para que Barry e Tasso desenhassem a explicação em um flip chart. Tentarei ser breve aqui:

Damanhur tem uma estrutura de política e governo muito bem elaborada para garantir que decisões e ações estejam de acordo com os princípios – sejam adaptadas às mudanças necessárias e que as questões materiais sejam eficientemente tratadas.
Um núcleo central de gestão, o “Federal Government” (ou Governo Federal, em português), faz a coordenação geral, compartilha decisões e promove as discussões dos principais temas de desenvolvimento – este núcleo é formado pelos Governadores das comunidades e pelo Nial, que são duas pessoas eleitas e, em seguida, contratadas em tempo integral para fazer a gestão política e econômica de Damanhur, que são atualmente Barry e Tasso. O “Federal Government” é suportado e acompanhado por outros diversos “corpos” que integram os interesses e atividades de Damanhur.

Pronto, terminada a parte “chata” para muitas pessoas (rs), vamos falar de coisas legais!
Os Damanhurenses que conheci sonham seriamente com uma sociedade mais saudável, mas não falam sobre isto com peso e tensão, ao contrário, são alegres, leves e divertidos – mesmo em situações em que algo sai “errado”.


Acordei cedinho no meu último dia de Damanhur. Miró me levou em seu Suzuki para a estação de trem de Ivrea. No caminho cheio de curvas, contou-me de sua tentativa “fracassada” de criar sua própria comunidade fora de Damanhur:
“Depois de algum tempo juntas, as pessoas começaram a se desentender e a desistir do projeto. Comecei a perceber que não tinham um real alinhamento filosófico e de propósito. Não tivemos tempo suficiente antes de começar a construir esta base”.
Chegamos à estação uns minutos antes do trem e Miró me convidou para um café. Foi um gesto delicado, de um jovem muito amoroso, filho de Damanhur. Sentirei saudades.
Captou os segredos para sustentar uma comunidade por 50 anos?
Fica aqui meu convite para quem quiser se juntar para trabalhar nestes segredos, para NÃO discutir como organizar o iogurte na geladeira e SIM, sonhar o impossível.
Volto em breve com os amores e ardores de L’Aubier.
Abraços e até já,
Sergio Resende.
Sergio Resende é cofundador da Thyme - Evolução Cultural, na qual atua como consultor de cultura organizacional e coach de executivos. É também cofundador e diretor da Trê Investindo com Causa. Há 25 anos, dedica-se a entender o ser humano em seu contexto de trabalho e a promover o desenvolvimento de indivíduos livres e organizações saudáveis. Nos primeiros meses de 2025, Sergio embarca em uma Jornada de Pesquisa internacional, em busca de inspirações para o futuro de nossa sociedade e a construção de uma Nova Economia.
Acompanhe o Sergio nessa viagem na seção Jornadas do blog da Trê.